sábado, 28 de abril de 2012

Pelas estradas da vida


"Dou muitas voltas dentro do pouco que sei para justificar
a textura desse novo sentimento. E se fico em mim por tanto
tempo, é porque gosto de um descansar macio. Gosto do que
é imenso mesmo quando ele se revela tão pequeno, mesmo
quando ele é tão mansinho. Dou muitas voltas dentro do muito
que sinto para ampliar as minhas porções de poesia. E se fico
em mim por pouco tempo, é porque estou verdadeiramente
disposta a apagar uma realidade que me anula. Porque gosto
do que é imenso mesmo quando ele é invisível, mesmo quando
machuca. É que quando estou em mim, não tenho tamanho,
 só cresço. E me continuo..."

(Priscila Rôde)

sábado, 14 de abril de 2012

Chegada do Outono


"Não percebi a chegada do outono. Mas eu sentia que estava
embarcando numa nova estação: todas as árvores que (não)
plantei, de repente, estavam nuas. E eu caminhava num tapete
de folhas e flores. Os caminhos também se estreitaram e tive
um sucessão de perdas, ou melhor, tive uma sucessão de trocas.
E assim, como toda pessoa que tem um coração pulsando,
fiquei assustada demais com as mudanças. Mas agora já 
consigo perceber a beleza na nudez de cada uma das 
minhas árvores prediletas. Elas apenas estão trocando
de roupa enquanto eu troco de pele, tamanha 
cumplicidade."

(Marla de Queiroz)